Quatro e meia da madrugada. Caminho sozinho e borracho pela Ramblas – a principal rua de Barcelona – após uma noitada infernal num dos clubs mais famosos da cidade. Colo o queixo no peito e enfio as mãos no fundo dos bolsos do casaco para aliviar o frio. Uma dúzia de paquistaneses vagam pelas calçadas como fantasmas oferecendo “cerveza – beer!” por um Euro cada. A mão direita sai de dentro do bolso para agarrar uma latinha vermelha de Estrela Damm, que me faria companhia no trajeto até a casa do meu irmão. Ele ficou no club. Agarrou uma sueca.
Alguns quarteirões adiante, sinto que alguém caminha na minha cola. Olho por cima do ombro e vejo uma menina negra, bonita, de calça jeans e casaco de couro marrom. Ela não tinha mais de vinte anos de idade. Era uma puta. Já haviam me dito que as putas de rua em Barcelona são todas negras, a maioria importada do Senegal. “Olá! Quieres un blow job?”, perguntou. Resolvi dar uma de cretino e, mesmo sabendo perfeitamente que um blow job quer dizer boquete em bom português, respondi com outra pergunta, em espanhol: “Mas, chica, o que é um blow job?”. Ela riu e passou a andar ao meu lado.
Caminhei os dez minutos seguintes com a senegalesa grudada em mim. Enquanto oferecia seus serviços, ela alisava a parte frontal da minha calça jeans. O álcool e o frio não impediram uma ereção sutil ali dentro da cueca, mas quanto mais olhava o rosto daquela menina, mais culpado eu me sentia. Sua voz acusava um desespero crescente e o preço do programa caia dez Euros a cada dez passos. Ela precisava da grana que eu não tinha e insistia: “Vamos ali. Você vai gostar. Pode fazer o que quiser comigo”.
A brincadeira estava perdendo a graça. O desespero era evidente nos olhos dela e aquilo era brochante. Me deu vontade de cortar o papo furado. Lancei então uma conversa de titio na intenção de afastar a moça: “Você é uma menina simpática, esperta, bonita. Sua família sabe que você está na rua a esta hora da madrugada?”. Pronto. Funcionou. Na mesma hora ela interrompeu a caminhada e encheu a boca pra mandar: “Ahh, fuck you!”. Virou as costas e desapareceu. Joguei fora a latinha de cerveja e continuei a caminhada, rindo sozinho. Escutei um sonoro “Foda-se” logo na minha primeira noite em Barcelona. O foda-se também está aqui. O foda-se está em toda a parte.
Alguns quarteirões adiante, sinto que alguém caminha na minha cola. Olho por cima do ombro e vejo uma menina negra, bonita, de calça jeans e casaco de couro marrom. Ela não tinha mais de vinte anos de idade. Era uma puta. Já haviam me dito que as putas de rua em Barcelona são todas negras, a maioria importada do Senegal. “Olá! Quieres un blow job?”, perguntou. Resolvi dar uma de cretino e, mesmo sabendo perfeitamente que um blow job quer dizer boquete em bom português, respondi com outra pergunta, em espanhol: “Mas, chica, o que é um blow job?”. Ela riu e passou a andar ao meu lado.
Caminhei os dez minutos seguintes com a senegalesa grudada em mim. Enquanto oferecia seus serviços, ela alisava a parte frontal da minha calça jeans. O álcool e o frio não impediram uma ereção sutil ali dentro da cueca, mas quanto mais olhava o rosto daquela menina, mais culpado eu me sentia. Sua voz acusava um desespero crescente e o preço do programa caia dez Euros a cada dez passos. Ela precisava da grana que eu não tinha e insistia: “Vamos ali. Você vai gostar. Pode fazer o que quiser comigo”.
A brincadeira estava perdendo a graça. O desespero era evidente nos olhos dela e aquilo era brochante. Me deu vontade de cortar o papo furado. Lancei então uma conversa de titio na intenção de afastar a moça: “Você é uma menina simpática, esperta, bonita. Sua família sabe que você está na rua a esta hora da madrugada?”. Pronto. Funcionou. Na mesma hora ela interrompeu a caminhada e encheu a boca pra mandar: “Ahh, fuck you!”. Virou as costas e desapareceu. Joguei fora a latinha de cerveja e continuei a caminhada, rindo sozinho. Escutei um sonoro “Foda-se” logo na minha primeira noite em Barcelona. O foda-se também está aqui. O foda-se está em toda a parte.
Zé McGill